DIREITO DE RESPOSTA DE JEAN CLAUDE NZITA (FLEC)

A propósito do artigo de opinião do nosso director-adjunto, Orlando Castro, «FLEC-FAC FINGE QUE NÃO APOIA O MPLA», publicado na secção Mukandas no dia 24 de Maio de 2022, recebemos de Jean Claude Nzita, porta-voz da FLEC, o direito de resposta que publicamos na íntegra e “ipsis verbis”. Também publicamos a nossa resposta.

«Com estupefacção e incredulidade a Direcção Politica da FLEC é forçada a reagir aos insultos sucessivos do jornal Folha 8 que tenta pôr em causa a dignidade e honra da FLEC através de métodos propagandísticos, característicos de um jornalismo militante, que tem levado extremo pondo em causa injustamente a digna luta da FLEC e do povo de Cabinda, e contribuindo activamente na propaganda da doutrina ditatorial e déspota do MPLA.

A FLEC rejeita firmemente a campanha infundada do jornal Folha 8 visando directamente o porta-voz da FLEC e atacando falaciosamente a nossa nobre causa.

O jornal Folha 8 pode reivindicar-se como uma publicação militante e um órgão de comunicação dependente da UNITA, mas não deveria difamar quem não alinha com as propostas da UNITA.

O jornal Folha 8 não deveria contribuir na clássica estratégia do MPLA de dividir para melhor reinar, nem impor uma ditadura do pensamento único tão característica ao MPLA.

A FLEC é uma organização coerente. A FLEC afirma, como sempre afirmou e afirmará, que Cabinda não é Angola, e por esta causa lutamos desde 1963.

Sendo a FLEC uma organização inflexivelmente independentista e sendo Angola a potência ocupante e colonizadora de Cabinda, a FLEC defende que é absolutamente incoerente antipatriótico votar em eleições angolanas, mas também defender uma “autonomia” que seria sustentar o repetido álibi político que apenas pretende prolongar a ocupação, exploração e repressão.

A FLEC é uma organização independentista, e não autonomista.

Em 1974/1975 qual seria a posição da UNITA se Portugal tivesse proposto uma autonomia para Angola? A resposta está patente na sua sigla: “Independência Total de Angola”.

A mesma posição tem a FLEC relativamente a Cabinda.

A FLEC não se envolve nem interfere nas eleições em Angola, como não deixará Angola envolver e interferir nas eleições em Cabinda independente.

Mas a FLEC deseja vivamente que o povo angolano retire definitivamente o MPLA do poder e construa bases politicas democráticas que viabilizem a descolonização de Cabinda e aplicação do direito à autodeterminação.

O jornal Folha 8 atacando verbalmente e “jornalisticamente” a FLEC, visando directamente o seu porta-voz, numa tentativa de colar à FLEC um imaginário compadrio anti-natura com o seu principal inimigo, o MPLA, é uma estratégia panfletária que em nada dignifica o jornal Folha 8 que esquece que o principal inimigo de Cabinda e de Angola é o MPLA.

Considerando o povo angolano como um povo irmão, a FLEC deseja a Angola que o seu povo una todas as forças e energias para derrotar de forma clara e inequívoca o MPLA.

A FLEC demonstra-se desde já disponível para dialogar e negociar com qualquer partido que derrote a ditadura do MPLA e acolhe positivamente a disponibilidade de Adalberto da Costa Júnior para estabelecer contactos com vista a futuras negociações sobre o futuro político de Cabinda.

Para a FLEC a demonstração de flexibilidade de diálogo para as negociações de um candidato nas eleições angolanas, é salutar e um sinal positivo.

Mas ninguém pode impor um sentido único em negociações, que seria desvirtuar o significado de “negociar”.

Negociar não significa também capitular. Negociar é ouvir e ter em conta as posições de ambas as partes, sem pressupostos, imposições prévias nem tabus.

Negociar não é também chantagear previamente a rejeição ou crítica de uma proposta, utilizando argumentos infundados numa óptica insana de quem não está com o presidente da UNITA está com o MPLA.

Queremos acreditar que o Presidente da UNITA é um democrata, e que consequentemente Adalberto da Costa Júnior desaprova vigorosamente conotar com o MPLA aqueles que discordam com alguma posição sua ou proposta.

Democracia é o nobre debate de ideias, propostas e projectos assim como respeitar a discordância. Se uma proposta é sinónimo de imposição, é mais um passo para a Ditadura e a copiar a crónica obsessão do MPLA herdada do defunto regime soviético.»

Resposta do Folha 8

No dia 27 de Maio, três dias depois da publicação do artigo agora contestado pela FLEC, o mesmo Jean Claude Nzita escreveu-nos o texto que se segue, mais uma vez transcrito na íntegra e “ipsis verbis”:

«Bom dia caro amigo Orlando Castro,

Antes de mais quero manifestar o meu maior apreço e admiração pelo seu trabalho e pela qualidade e coragem da Folha 8, um exemplo, a meu ver, de afirmação e luta pela liberdade de imprensa e liberdade de expressão. A Folha 8 é também um exemplo de isenção e independência face à ditadura do pensamento único imposto pelo MPLA.

O Orlando Castro é um dos exemplos do jornalista, e do jornalismo, que nunca se vergou face à repressão da opinião e ditadura da informação propagandística imposta pelo MPLA.

Por estes motivos eu, Jean Claude Nzita, e em nome da FLEC-FAC, fiquei surpreendido com a reinterpretação do nosso último comunicado e quando a Folha 8 publica que a “FLEC-FAC finge que não apoia o MPLA”.

Legitimamente a FLEC-FAC posicionou-se relativamente à proposta de Adalberto da Costa Júnior, e reafirmamos a nossa rejeição, no entanto, um posicionamento contra uma proposta de Adalberto da Costa Júnior não significa um apoio ao MPLA que a FLEC combate desde 1963. O mesmo MPLA que tem massacrado o povo de Cabinda e humilhado a nossa identidade.

Não há fingimentos no seio da FLEC-FAC, mas há uma determinação inabalável de combater o neocolonialismo do MPLA, os seus oligarcas e a sua fúria devastadora em Cabinda.

A FLEC-FAC tem como dever defender a população de Cabinda, mas também cumprir a promessa de caminhar com o povo de Cabinda até à Independência. Por coerência política a FLEC-FAC apela aos cabindeses a não votarem em eleições angolanas, mas votarem massivamente por um referendo que contemple a Independência e quando Cabinda for Independente.

Caro amigo Orlando Castro, reafirmando a minha estima e admiração pelo seu trabalho, pode publicar esta carta, se assim o entender.

Com amizade, receba os meus sinceros cumprimentos.»

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